"Não dá para me enganar e escapar da constatação brutal de
que não importa quanto você se mostre entusiasmada, não importa a
certeza de que caráter é destino, nada é real, passado ou futuro, quando
agente fica sozinha no quarto com o relógio tiquetaqueando alto no
falso brilho ilusório da luz elétrica. E se você não tem passado ou
futuro, que no final das contas são os elementos que formam o presente
todo, então é bem capaz de descartar a casca vazia do presente e cometer
suicídio. Mas a massa fria entranhada em meu crânio raciocina e
papagaia, ‘penso, logo existo’ (...). Para que serve a boa aparência?
Garantir segurança temporária? De que adianta o cérebro? Para dizer
apenas "eu vivi e compreendi?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário