sexta-feira, 27 de novembro de 2009

'Todo pássaro que aprendeu a esgravetar uma boa porção de vermes sem ser compelido a voar ficará para sempre na terra. Algo de análogo passa com os seres humanos. Se o pão lhes é oferecido regular e copiosamente três vezes ao dia, muitos deles contentar-se-ão perfeitamente vivendo apenas de pão - ou pelo menos, de pão e de espetáculos de circo.'

_Aldous Huxley

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

sugestões para presente:

Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um coração encostado no outro. Um ou dois para sempres. Um avião nas mãos de um menino. Um barquinho de papel. Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um mingauzinho de aveia. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra inventada.

_rita apoena

domingo, 22 de novembro de 2009

lady macbeth

"Queres ter aquilo que, por tua estimativa, é o adorno da vida e, no apreço que tens de ti mesmo, levas a vida como um covarde, não é assim? Deixas que o teu 'Não me atrevo' fique adiando tua ação até que o teu 'Eu quero' aconteça por milagre; como a gata, coitadinha, que queria comer o peixe mas não queria molhar a pata."

_william shakespeare in 'Macbeth'

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tomara.

tomara que você me encontrasse
flecha no peito
ar de herói abatido
sangrando muito
& moribundo

como não dá
a pontaria piorou
as armas evoluíram
ninguém mais dá flechadas
& pra falar a verdade
você bem sabe
eu
super-herói qualquer
sou vulnerável

faço cara
de quem comeu e não gostou
no fundo
adorei
& só de dizer tudo isso
já sinto me voltar teu apetite
querendo tudo de novo.

_leminski

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

fluxofloema

'...era bonito cantar, trovar, mas bem que diziam:
tempo não é, senhores, de inocência, nem de
ternuras vãs, nem de cantigas, diziam e eu não
sabia que a coisa ia ser comigo, entendes? E o
mundo parecia cheio de graça [...] mas o tempo
não está para graças...'

_hilda hilst

guru.

'Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.'

_caio f. abreu