'era telúrico e único. sonhava. sonhava adeuses e sombras. sonhava deuses. era cruel porque desde sempre foi desesperado. encontrou um homem-anjo. para que vivessem juntos, na Terra, para sempre, cortou-lhe as asas. o outro matou-se, mergulhando nas águas. eu vivo até hoje. estou velho. às noites bebo muito e olho as estrelas. muitas vezes, escrevo. aí repenso aquele, o hálito de neve, a desesperança. deito-me. austero, sonho que semeio favas negras e asas sobre uma terra escura, às vezes madrepérola.'
_hilda hilst
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